São as coisas que estão a nossa volta

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sábado, 19 de setembro de 2009

"Ao esquecimento só retornam aqueles que entregam a sua história ao opressor"

Era uma noite fria do ano de 1885, Belém rodeada pela floresta dormia um sono profundo. Na baia dos Guajarás os navios estavam quietos e silenciosos. Passavam das 2 horas da madrugada quando, saidos da escuridão da mata, milhares de cabanos tomaram de assalto a capital.
Um verdadeiro exécito popular, dividido em quatro colunas de ataque, ocupou os principais pontos. Poucas horas depois os cabanos controlavam todas as posições estratégicas da cidade. Ao amanhecer do dia 07 de janeiro a bandeira cabana tremulava ao vento como símbolo da luta popular contra a tirania dos poderosos, o povo havia derrubado os tiranos e assumido a sua própria história. Dia após dia, vilas, aldeias e ilhas aderiram ao movimento ou caiam sob sua força, expandindo veloz-mente por toda a região. Exemplo único em toda história do Brasil, a Cabanagem um dos movimentos populares mais impressionantes da América Latina, abalaria profundamente as estruturas de dominação em toda a Amazônia, sua força motriz eram os póbres, pessoas simples e com consciência dos direitos que deles haviam sido tirados, contudo estavam dispóstas a morrer lutando pela sua terra e pelo coletivo.
Embora com uma forte organização de guerrilha, os cabanos não criaram a sua própria organização política, independente e autônoma, capaz de fazer frente ás diverssas forças centralistas e manipuladoras. Assim, as forças populares ficaram na dependência dos setores médios para o exercício do governo, criando ierarquias e foram traída divérsas vezes. Os que estavam com o "poder provisório cabano", tentavam usar o povo como massa de monóbra, e nem de longe queriam o fim da escravidão e a distribuição de terras, reivindicações básica dos cabanos.
cabanagem tinha profundas raízes populares e para impedir a continuidade da luta, o governo imperial sufocou brutalmente o povo e o colocou sob vigilância permanente durante vinte anos (1838-1858). Fez isso obrigando caboclos, índios e negros libertos a se alistarem nos corpos de trabalhadores, a partir de dez anos de idade. Nesses corpos o trabalho era feito sob a vigilância de guardas nas lavouras, no comércio e nas obras públicas.
Hoje o povo que vive na região como todo povo da América Latina, continuam vítimas de problemas semelhantes e até iguais aos que originaram a Cabanagem: dominação imperialista e devastação da Amazônia pelas grandes corporações capitalista do agro e hidronegócio. O que só faz aumentar, a destruição, o desemprego, a miséria, a fome, a violência, a falta de educação também com a saúde que são os dois últimos nescessidades básicas onde todos deveriam ter tal direito. Mais que armas para lutar contra abusos e desrespeito ao ser humano, todos precisam de acesso a educação e ao conhecimento de seus direitos, isso faz com que o acesso a educação, e o direito de ter sua terra seja respeitada, e que para muitos é fonte de sua existência. Conhecer o passado de um povo é o primeiro passo que devemos dar em direção a um futuro mais humano, sustentável e igualitário.